quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Pai afasta de mim esse cale-se!


O que eu quero dizer aqui neste post é um pouco delicado, mas eu preciso dizer, porque não sou de ficar calada, e diga se de passagem delicadeza não faz meu estilo, mas vou tentar.
Semana passada eu assisti "Batismo de sangue" fazia tempo que queria ver este filme, eu fiquei chocada, tanto que quando terminou eu tentei voltar para os meus estudos e não conseguia concentrar, não só porque as cenas são fortes, mas mexeu muito com minhas estruturas. Bom, só pra esclarecer, o filme é uma história real, baseada no livro de Frei Beto, e conta a luta de alguns Freis Dominicanos no combate contra a ditadura. A história também, menciona o sequestro do embaixador dos EUA, feito pelos "terroristas" terrorista era quem lutava contra toda violência da época, e o sequestro foi uma espécie de moeda de troca, pra libertar alguns presos políticos.

Enfim, o filme mostra como as pessoas eram torturadas, e as vezes mortas durante a tortura, muita crueldade, eu tive que reconhecer durante aquelas cenas que não tenho menor possibilidade de ser heroína, ou de lutar pelo meu país e pelo povo se for pra expor minha pele daquela maneira, ainda mais, quando o povo por quem se luta nem sabe o que está acontecendo, você perde sua casa, sua liberdade, sua dignidade, perde amigos, enquanto as pessoas por quem você faz tudo aquilo está num bar discutindo futebol.
Hoje mesmo, quase ninguém sabe o que acontecia naquela época, e acha tudo muito exagerado, irreal, diria até surreal, há quem diga que tudo era muito melhor durante a ditadura, não havia tanta violência, havia o toque de recolher o os jovens não viviam se embebedando. 

Pois é! Fico pensando se mudariam de idéia se vissem as cenas de tortura, porque ouvi falar, não é nem imaginar... Tem mais, não há nada que me irrite mais do que quem não tem a capacidade de pensar por si, de construir um ponto de vista totalmente desvinculado de meios de comunicação dominantes, vai ver é por isso que muitas vezes sou do contra, só pelo prazer de o ser.

Mas o que tem especialmente me irritado ultimamente, é o fato de as pessoas mudarem de idéia conforme o movimento da mídia, cara na boa, meu voto no segundo turno é pra Dilma, não votei nela no primeiro turno, e estava inclinada a votar em branco, mas será como soltar um grito preso na garganta, primeiro, vem alguém me dizer que não vota nela porque a CNBB pediu que não o fizesse, pelo fato dela ser abortista ou porque ela separou do marido a muitos anos, e inclusive porque ela é, foi, terrorista, e é comunista, vai transformar nosso país numa ditadura... É! Logo ela, que sofreu tortura durante 22 dias, levou choques, passou dias no pau de arara, (não é caminhão) e quem dirá o que mais ela passou la? E me pergunto como ela sobreviveu, porque era tortura mesmo! Tudo para lutar contra o regime ditatorial. E me desculpe essa pessoa em questão, que eu amo e respeito muito, mas não votar em alguém porque a CNBB pediu? Cara, a CNBB é feita de homens, (respeito muito), mas eles não são infalíveis, e erram, já erraram tanto em nome da Igreja, já queimaram santos, aliás fico pensando o que meu pai diria se soubesse que a Dilma foi considerada a Joanna D'arque da revolução armada na época, Ahhhhh!!!!!!!!!! Ela usou arma? Usou, as armas devem ser escolhidas de acordo com os adversários, e pra arrematar, fiquei puta com a capa da VEJA de duas semanas atrás, revista nojenta que serve a direita desde sempre, só faltou dizer: "Votem no Serra!" Sabe o que é pior? Algumas pessoas até se solidarizam com o sofrimento de quem morreu, sofreu ou perdeu alguém na ditadura, mas votam nas mesmas pessoas que estiveram no poder naquela época. Eu até fico calada quando me chamam de inculta por não ASSISTIR AO FILME  do Harry Potter, ou na mesma ocasião diz: "como dizia Oscar Wilde a unanimidade é burra!" Valei-me Nelson Rodrigues!! Depois a inculta sou eu... Mas tenho vontade de gritar quando tentam me impor coisas contrarias a obviedade, ou ao menos não ouvem  meu ponto de vista por ter uma visão turvada pelos meios de comunicação.



Pau de arara, era assim que as pessoas levavam choques, queimadura com cigarros, murros, pauladas e pontapés, etc. etc. etc. até perderem a consciência e serem acordados para mais uma sessão.


Sala de tortura


Alguns filmes sofre o assunto que devem ser vistos:
O ano em que meus pais saíram de férias.
Zuzu Angel
O que é isso companheiro
Batismo de sangue.











4 comentários:

Mar disse...

O jogo político é sempre cheio de mistérios que dificilmente são revelados na História. Sou contra qualquer ditadura. Na época da ditadura no Brasil, o mundo se dividiu basicamente em duas ditaduras e excetuaram-se a elas uns poucos neutros. Tanto a de direita quanto a de esquerda torturou e matou muita gente. Creio que, naquele momento de busca de espaço a qualquer preço no cenário mundial, o extremismo se tornou uma bandeira. Hoje, alcançados os espaços, direita e esquerda se tornaram enxadristas na política, preferem as armas da democracia, mesmo que estas armas sejam a manipulação de meios de comunicação, como é a revista Veja, um panfleto patético da direita para encabrestar muitos tolos entre os cultos, ou o populismo, critério adotado pelo PT para manter-se no poder. Apenas a lembrar que Serra foi perseguido pela ditadura, e exilado. Só não foi torturado porque agia pelo argumento, e não pegou em armas ou envolveu-se com grupos extremistas, com Dilma fez. Dilma foi eleita e esperamos que tenha um excelente mandado, com uma avaliação tão boa quanto Lula alcançou, e que corrija erros que ele cometeu ou permitiu.
Um abraço carinhoso
Lello
P.S. – Se não assistir Harry Potter é ser inculta, o mundo acabou e eu não sei. Harry Potter deveria ter censura para maiores de sete anos. Há cenas, idéias e argumentos absolutamente impróprios para qualquer pessoa culta. Se inculto fosse quem não lê Ernest Hemingway, Edgar Alan Poe, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade... – eu aceitaria. Mas Herry Potter!? O mundo acabou???

Sandra Mara disse...

Caros amigos,
Sentada, como estou, não pude deixar de me pôr de pé para aplaudir a discussão de vocês. :) Mas o post scriptum do Lello me trouxe à cadeira de novo, desta vez, com a cabeça entre as mãos. É claro que a amiga Hellen sabe que não se trata de falta de cultura não assistir ao filme do bruxinho de J. K. Rowling e acho que não deveria simplesmente se calar diante desse tipo de acusação. Não ter assistido ao filme pode constituir um exemplo de falta de tempo, de dinheiro, de adesão, mas sabemos que cultura não se mede apenas pelas vezes que nos pusemos diante de uma tela de cinema (ainda mais para assistir a um único filme, ou série, que seja).
Chama-me a atenção, caro Lello, a ideia que você – claro opositor a um regime ditatorial – faz do que deve ser censurado. Não falo aqui como uma inculta desnaturada que leu incansável e incessantemente todos os livros da série, desde o início da adolescência, mas como uma curiosa que se pergunta o que te faz afirmar que Harry Potter deveria ter censura para maiores de sete anos.
E, não. O mundo não acabou e, tratando-se de literatura, está muito longe de acabar. Já li, devo dizer que mais de uma vez e mais de uma obra, cada um dos autores que você mencionou no seu comentário. Mas a leveza da literatura (de muita qualidade, inclusive! – digo isso como alguém que já leu de tudo nessa vida) da autora britânica é algo que me faz sorrir e reler sua obra cada ano, dos últimos 12.
‘Há cenas, ideias e argumentos absolutamente impróprios para qualquer pessoa culta.’ Caso você tenha alicerçado esse seu argumento com base em muita leitura e não em opiniões de outrem sobre Harry Potter, se o que você disse não estiver baseado nos filmes da série (que, de verdade, estão longe de representarem a literalidade dos livros, tal qual eles merecem), se você tiver um conceito claro do que é cultura, eu vou ter muito prazer em debater seus argumentos, quaisquer que sejam eles. Antes que o mundo acabe, é claro.
Um beijo, Hellen!
P.S.: Não comecei pelo texto que você me sugeriu, mas vou ter muito prazer em ler cada postagem aqui, uma por uma. :)

Hellen Toledo disse...

Sentada, como estou, não pude deixar de me pôr de pé para aplaudir a discussão de vocês!! \0/
Fico feliz por você ter percebido que minha indignação foi por ter sido chamada de inculta por alguém que provavelmente nunca leu uma linha sequer de um dos livros da série, nem de Oscar Wilde e muito menos de Nelson Rodrigues, mas enfim, eu nunca li, e nem tenho curiosidade de ler a dita série, por mais advogados que tenha, porque sei que não é o tipo de leitura que me prende, como eu sei se nunca li? Sabendo. Poderia citar exemplos de outros que nunca li, e jamais leria.
Bem, eu te digo isso sem o menor medo de poder ser mal interpretada. Eu sei o quanto essa série significa pra vc, faz parte da sua adolecência, da sua história, e não duvido que ele seja interessante, se assim não fosse, você não o teria lido em inglês, por pura ansiedade, já que a versão brasileira, não tinha chegado nas bancas. Quando eu digo que não gosto, não estou criticando o livro ou a história, se o livro fosse ruim, ou a história mal escrita você Sandra, uma menina super crítica e muito inteligente, jamais perderia seu tempo lendo-o.
Bjos!
Amei sua participação.
;D

Mar disse...

Boa noite, minhas caras Hellen e Sandra!!
Tudo que não desejo, minhas queridas, uma vez que nós três estamos muito bem alicerçados, é estender-me sobre a cultura ou incultura dos livros sobre Harry Potter, até pelas definições clássicas de cultura, que no Houaiss alcançaram sete itens.
Sandra, peço perdão caso meu forte comentário (imprevidente, reconheço) a tenha não somente feito sentar-se de volta com as mãos a cabeça, mas, mais do que isso, magoado ou atingido de alguma forma. É um ícone para você e para milhões de pessoas. Seja. Daí sua reação também forte, em que chega a dizer “... se você tiver um conceito claro do que é cultura, eu vou ter muito prazer em debater seus argumentos, quaisquer que sejam eles”. Talvez eu até pudesse ter um conceito claro, mas não precisamos debater. Nossos blogs não orbitam esse perfil da comunicação. Aqui, lá no meu ou no seu, nós apenas comentamos, e os outros, educadamente, concordam, discordam, acrescentam informação. Você fez isso ao meu comentário. Aliás, seu texto é muito bom! Veio a Hellen e disse que não lê e pronto.
Hellen, a você também peço desculpas, pois a expressão foi indevida, acabei não respeitando seus leitores, e peço perdão a você e a todos.
Um beijo carinhoso às duas.
Lello